quinta-feira, 19 de junho de 2008

Quando eu era pequena, pensava em não me casar e me tornar professora.
Tinha verdadeiro horror a ter um filho, porque tinha que "abrir a barriga" pra que ele pudesse sair. Me imaginava sendo carregada à força pro hospital, relutando em parir. Hoje meu maior sonho é ter um pequeno meu.
Ainda não sabia nada sobre sexo, então não me assustava. Quando aprendi do que se tratava, disse a mim mesma que jamais faria. Agora, eu adoro. Mas o faço raramente...
Pensava que o mundo todo fosse a cidade em que eu morava.
Morria de medo de fantasmas. Gostava de assistir Muppet Babies e amava o Caco. E o Pica-Pau também. E o Peter Pan. Amava os desenhos que passavam naquela época. Nada dessas balelas de hoje. Tirando Dragon Ball. Toda a série. Amo até hoje, e se voltar a passar, eu arrumo um jeito de assistir.
Sempre fui chamada de anãzinha. Culpa dos meus 1,55m.
Na pré-escola, eu fazia bagunça e brigava só pra ficar de castigo.
E sentar do lado da professora. E usar as canetinhas dela.
Amava bife de fígado e odiava beterraba. Hoje eu amo beterraba e odeio bife de fígado.
Meu pai criava coelhos. Todos eles tinham um nome. Um dia no almoço, ele me deu coelho frito pra comer. Foi a minha decepção.
Eu brincava com meu irmãozinho. E batia nele também. Ele cresceu, ficou hominho e revidou. Aí era ele quem me batia. Hoje somos unha e carne.
Eu tinha uma tia que morava numa cidade aqui perto. A gente se via tão pouco que pra chegar lá era uma eternidade, mas pra voltar se voltava voando.
A primeira vez que eu fui a show de rock em outra cidade minha mãe chorou preocupada. Eu tinha 20 anos.
Na 8º série foi quando eu tentei ficar com o primeiro menino da minha vida. Eu era o protótipo do patinho feio. O menino chegou e eu sumi. De vergonha, claro.
Ja o primeiro que eu fiquei, espalhou pra todo mundo que eu não sabia beijar. Filho da puta. Hoje ele vive me cantando e me chamando pra tomar um vinho. É claro que quando dá, eu aceito. Rá!
O primeiro que eu namorei tentou avançar o sinal, o que eu neguei, claro. Duas semanas depois ele me chutou.
O segundo nem teve tempo disso. Era tão patético que eu acabei fazendo ele me chutar, por falta de paciência.
O terceiro foi o premiado. Ou sortudo. Ou azarado. Mas também não vingou. Esse eu tive o orgulho de chutar.
A gente cresce e aprende muita coisa. Coisas boas, admito. Mas tem coisas tão ruins que se aprende na vida que às vezes dá saudade de quando eu era criança e ainda achava que o mundo era a cidade que eu morava.

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