segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O Casamento - Parte 2

A festinha do noivado foi bem simples, em casa, com a oficina do meu pai como decoração. Chamei só avós e tias por parte de pai e mãe e primos que não eram casados. Ou seja, deu umas 20 pessoas e só. Melengue tava tão afoito no dia, não sei se de felicidade ou desespero, que quando todo mundo chegou em casa ele já tava bêbado. No mais tudo correu tranquilo.

E voltamos à correria. Fomos atrás do vestido. Minha mãe juntou moedas. Sim, queridos, ela disse que ia juntar pra comprar meu vestido, e veio juntando por 2 anos e conseguiu um total de R$ 800. Conseguimos um vestido por R$ 500 de uma moça que fazia pra alugar, resolveu que queria renovar os figurinos e vendeu tudo. Saiu por um preço ótimo um vestido lindo que só tinha sido usado uma vez e em outra cidade. Ou seja, aqui ele foi exclusivo meu.

Fomos ver a música pra cantar na igreja. A moça queria arrancar nosso fígado. Quase caí das pernas e já tava pensando em levar o notebook com uma seleção de músicas, quando indicaram um casal pra cantar que cobrava 10% do que a moça queria cobrar e cantavam muito melhor do que ela. Acertamos o fotógrafo também. Não ficou baratinho, mas compensou porque o álbum era ma-ra-vi-lho-so. E ainda ganhamos um poster, emolduramos e ele emprestou o cavalete pra deixar do lado da mesa do bolo.

Teve o curso de noivos. Eu tava me cagando de medo. Sei lá o que eu achei que seria, mas não foi nada de mais. Claro, igreja, religião, toda aquela baboseira que eu não tenho muito saco, sempre sobre submissão e quanto o sexo antes do casamento é condenado. Arranco um dedo se tinha algum casal naquele salão que vivia um ~namoro santo~, como diz minha sogra. Não tenho paciência pra igreja em geral. Acredito em Deus e até vou à missa porque eu gosto. Mas é só. Eu não participo de nada da igreja e nem quero me prender a isso. De responsabilidade já basta meu trabalho e minha casa.

As daminhas eu já tinha definido há tempos. Seria uma priminha do Melengue, e uma prima minha. Como a minha prima cresceu, então era melhor ela levar as alianças, e a prima do Melengue queria ser florista, então fiquei sem daminhas. Quando entregamos os convites de um dos primos do Melengue, ele disse que a filha dele queria muito ser daminha, e ela nunca tinha sido, então colocamos ela junto com o filho de outro primo dele.

Então fomos atrás da música. Inicialmente seria um DJ, filho de uma amiga da minha mãe. Mas acho que ele não tava muito afim e não tinha coragem de dizer, porque dava tanto balão e desculpa que me estressou e eu falei que não precisava mais. Por fim contratamos uma banda de um amigo do tio do Melengue que tocava de tudo, o que acabou ficando muito melhor, pois o pessoal dançou pra caralho.

Entre uma correria e outra, a lista de convidados aumentou. Claro, porque sempre tem alguém pra meter o nariz e convidar gente por conta própria. E em uma festa de aniversário dos parentes dele, voltou o assunto da amiga da prima. Ô diacho. Achavam que eu deveria convidar porque ela conhecia ele desde que ele era criança. Conhecia porque é amiga da prima e automaticamente frequentavam ambientes em comum. SÓ. Ele não tem amizade com ela. E outra, queriam que a gente chamasse só porque ela tinha levado um pé na bunda da namorada e tava solitária. Eu não tenho nada com isso, né? O mais engraçado foi eu levantar pra ir ao banheiro e elas reclamarem pra ele do que eu tinha dito. Quando eu voltei, ele disse "Ces resolvam com ela porque eu não tô mais responsável por isso." Ninguém abriu mais a boca e o assuntou encerrou. FUCK YEAH.

Toda a parte de mesas e cadeiras ficou por conta do Melengue. Minha tia deu a dica de colocar a superfície redonda nas mesas para caber mais gente, e consequentemente alugar menos mesas, o que deu muito certo, senão não iria caber ninguém. Contratamos garçons para servir nas mesas, e o bom é que sempre era alguém que conhecia alguém, então acabava ficando mais barato. Ele ficou responsável pelas bebidas e comidas também. Uma tia dele disse que a parte de batatinhas e berinjelas ela daria de presente. Meu pai disse que daria a carne. Minha mãe deu os docinhos e minha sogra, o bolo. Os brigadeiros e beijinhos foram a única coisa gourmet do casamento todo.

Fui com a minha mãe pra alugar os enfeites. Tudo simples e coisas baratas. Escolhemos as toalhas e o pano que fica atrás da mesa. O vaso da mesa do bolo nós compramos. Como tinham mesas grandes no salão, nós nem precisamos alugar a mesa do bolo. Eu comprei os pratinhos, guardanapos, toda essa parafernalha da comida graças ao santo PIS que caiu na época certa. Deu pra comprar tudo e sobrou dinheiro, que juntamos ao que sobrou do vestido e ajeitamos em outras coisas. Eu comprei velinhas flutuantes, e como eu tinha dois potes de vidro em casa, coloquei na mesa também pra dar um ar romântico.

Os primos do Melengue, meu tio e meu pai deram garrafas de whisky e o primo dele emprestou um balde de gelo. Muita gente deu presentes em dinheiro, o que ajudou MUITO porque deu pra pagar todas as despesas do casamento e ainda sobrou pra comprar algumas coisas que faltavam na casa. O restante dos presentes deu pra deixar a casa arrumadinha e simples. Finalmente tudo tava se ajeitando e eu tava ficando feliz e aliviada.

Aí tivemos outro dilema. Chá de cozinha ou chá bar. Eu fiz ele me prometer que não teria despedida de solteiro, assim como eu não teria também. Sou neurótica, MIM DEIXA. Então resolvemos fazer uma mistura de chá de cozinha com chá bar com despedida. Mas nada parecido com nenhum dos 3. Tá, só o chá de cozinha. Enfim, foi na minha casa nova mesmo. As mulheres na frente no chá de cozinha e os homens no fundo do quintal fazendo churrasco. Assim todo mundo conhecia a casa. (eu disse que não faria nada conforme o figurino e cumpri hahaha).

E assim foi chegando o dia. Na semana do casamento deixei a depilação em ordem, fiz uma limpezinha de pele e ajeitei mais uns detalhes do casamento. Minha tia fez vasinhos pra colocar nas mesas que ficou uma fofura. Na véspera chegou um tio do Melengue de fora, irmão da mãe dele, eles não se viam há muito tempo e eu nunca tinha visto. Logo, foi uma festa, quiseram comemorar, então juntou todo mundo na casa da mãe dele, eu conheci todo mundo, e bebemos até 1h da manhã. Como tava todo mundo bêbado, inclusive Melengue, ele não teve condições de me levar pra casa, então dormimos em casa, que era mais perto (coisa que a mãe dele nem sonha, porque a gente tinha se confessado na semana e era terminantemente proibido dormir juntos até o casamento, e blá blá blá ti ti ti nhem nhem nhem)

E assim chegou o grande dia.

Dia da noiva de noivas normais: massagem, banho de beleza com sais minerais e rosas, roupão felpudo, champanhe, making off, maquiagem,  depilação, unhas, cabelo, limusine, igreja.

Meu dia da noiva: ressaca, levanta cedo pra arrumar salão, puta dor de cabeça, sono, come pão com mortadela pra não desmaiar porque almoçar hoje é luxo, busca docinho, vou apagar, vou apagar, joga água na cara, vai na floricultura pegar as pétalas de rosas da florista, vai em casa fazer a unha, deita meia hora pra descansar em posição de múmia pra não estragar a unha, levanta, toma banho, vai pra cabeleireira pra se arrumar, faz uma maquiagem que esconda essas olheiras imensas e essa cara de acabada, corre pra igreja.

Cheguei pra pegar os docinhos e a moça da doceria "QQ ce tá fazendo aqui???" e eu falei "Aqui não tem dia da noiva não, fia". Enquanto eu fazia os corre, ficou meu irmão, minhas tias e Melengue terminando de arrumar o salão, então eu só vi como ficou de fato quando eu cheguei pra festa. Meu tio me buscou no salão pra me levar pra igreja, e véi, que coisa doida quando eu fui chegando e vendo aquele monte de gente pra fora. Me esperando. Sabe quando parece que você tá em um mundo paralelo? Tipo, sou eu que tô casando mesmo? O coração começou a pular, começou a dar tremedeira e um puta medo de tropeçar e cair na porta. Achei que eu ia chorar e derreter toda a maquiagem, mas eu segurei firme. Cara, é uma emoção gigante entrar e ver a cara de todo mundo sorrindo pra você.

A festa foi uma delícia. Todo o estresse valeu a pena. Mesmo passando tão rápido. Todo mundo gostou (ou todo mundo mente bem hahaha) e eu agradeci Melengue por ter insistido nisso. E por ter aguentado meus surtos quando eu queria desistir porque achava que não ia dar nada certo. As últimas pessoas foram embora 5:30 da manhã, então nós dois desmontamos e guardamos tudo pra voltar no outro dia apenas para limpar. Tomamos a última cerveja da noite e fomos embora 6:30 da manhã.

Continua...

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