sexta-feira, 1 de abril de 2016

Quando eu era criança, minha mãe me levava pra escola a pé, com meu irmão pequeno no carrinho.
Eram uns 10 quarteirões, eu com 6 anos e pernas curtas andando o que parecia 20 km pra mim.
Eis que um dia, voltando pra casa à tarde, vi uma moto parada em uma casa na esquina da faculdade, em cima da calçada e disse pra minha mãe que era a moto do meu pai. Ela disse que não, que tinham várias motos iguais e que aquela não era a dele.
Quando chegamos em casa, ficamos sabendo que ele tinha caído naquele cruzamento, pois estava chovendo, e que estava no hospital. Aquela era sim a moto dele.
Lembro que ele ficou um bom tempo com a perna engessada, e que pra mim aquilo era coisa de outro mundo.
Engraçado como a gente não esquece essas coisas, mesmo tendo acontecido há tanto tempo.
Muito tempo passou, obviamente, e por mais que eu passe pelo mesmo cruzamento todo santo dia, nunca, repito, NUNCA prestei atenção se aquela casa ainda estava lá. Quer dizer, eu sei que na outra esquina tem uma vidraçaria, na diagonal tem um restaurante, e a faculdade continua lá, mas eu nunca mais reparei na casa.
Hoje eu lembrei disso quando vinha pro trabalho, e resolvi que ia tentar prestar atenção (o que é quase impossível, já que eu me distraio fácil e corria o risco de passar sem ver de novo), e não é que ela tá lá ainda? De mesmo jeitinho, uma casa antiga, uma varandinha e portão pequeno, a mesma calçada onde ficou a moto do meu pai, em um cruzamento que mudou totalmente nos últimos 24 anos.
Por momentos como esse é que eu vejo como nós deixamos de prestar atenção em tantas coisas porque vivemos correndo. O dia voa, a gente voa e deixa de apreciar tudo que acontece no meio disso. Não que eu consiga mudar isso de uma hora pra outra, é impossível. Mas já fiquei feliz por ter tido esse milésimo de segundo pra ver aquela casa de novo. E talvez de agora pra frente eu vá lembrar dela todos os dias.
Moral do post? Não tem. Foi só uma divagação.